17 de julho de 2011

Apito inicial da reportagem: pauta

Nos post’s anteriores, eu apresentei uma reportagem que foi produzida para um veículo impresso (1ª reportagem: transporte público para deficiente) e depois adaptada para a linguagem de rádio (Linguagem de rádio). Mas será que ficou faltando algo? Sim, faltou: a pauta.

A pauta é o ponto de partida da produção de qualquer reportagem. Ela serve como guia para o repórter, pois contém informações que vão nortear todo o trabalho durante a produção de uma matéria jornalística. Detalhe importante: a pauta é um guia e não uma promessa que deve ser cumprida a risca.

Quando elaboramos uma pauta possuímos informações bem limitadas sobre o assunto em questão, portanto, no decorrer da produção de uma reportagem é muito comum a mudança do enfoque, visto que, somos apresentados a outras angulações do fato que não tínhamos conhecimento.

A pauta é composta, basicamente, pela retranca (o assunto da reportagem resumido em duas ou três palavras), contextualização (todos os dados já obtidos sobre o assunto pesquisado), enfoque (abordagem que o repórter dará a sua matéria) e fontes (as possíveis pessoas entrevistadas). O pauteiro ou produtor também pode colocar algumas sugestões de perguntas, mas é claro que o repórter pode acrescentar mais questões no decorrer da entrevista.

O leitor mais atento vai verificar que nas sugestões de perguntas do exemplo de pauta abaixo, eu repeti a mesma pergunta para entrevistados diferentes. Isso não foi por preguiça ou por falta do que perguntar, mas sim, para saber se há divergências de opiniões, além de mostrar os dois lados da história.

Se o leitor ficou curioso e quer mais informações sobre o que é uma pauta, sugiro a visita no blog Novo em Folha, que é escrito pela jornalista Ana Estela, entre outros repórteres da Folha. Clicando aqui, é possível ter mais informações sobre o assunto.

Logo abaixo, publiquei a pauta que foi o guia da minha primeira reportagem: transporte público para deficientes.

PAUTA

REPÓRTERES: Bruna Zanuto e Leandro Martins
EDITORIA: Cidade
DATA: maio/2010
RETRANCA: transporte público deficiente

CONTEXTUALIZAÇÃO: Ribeirão Preto conta atualmente com uma frota de 311 ônibus, sendo somente 57 adaptados para cadeirantes, que atendem a 43 linhas, segundo o jornal A Cidade de 18 de março de 2010. Diante da NBR 14.022, até 2014 todos os ônibus do país deverão ser adaptados para portadores de deficiência. O modelo de transporte público adotado na cidade é baseado em um sistema radial, onde todas as linhas convergem para o centro. Devido o crescimento da cidade, esse sistema dificulta o transporte de deficientes, quando esses devem fazer uma parada no Centro para embarcar à outro bairro, pois além de atrasar a viagem, o Centro é um local de circulação intensa de pessoas. Os ônibus adaptados e entregues pelas três empresas de transporte público de Ribeirão (Transcorp, Turb e Rápido D’Oeste) possuem plataformas elevadiças para os cadeirantes, mas os pontos de ônibus muitas vezes não oferecem condições de acessibilidade para os demais deficientes.

ENFOQUE: produzir uma reportagem para o rádio focando na pouca disponibilidade de ônibus adaptado para deficientes e cadeirantes em Ribeirão Preto. Mostrar a existência de uma lei que garante que todos os ônibus deverão ser adaptados até 2014. Apresentar as dificuldades encontradas pelos deficientes no sistema de transporte coletivo urbano. Verificar se os pontos de ônibus do centro da cidade têm condições físicas acessíveis para um cadeirante fazer uma parada e poder embarcar em outro ônibus, quando necessário. Apontar os motivos que inviabilizam ou adiam a substituição da frota de coletivos atuais para uma frota adaptada.

FONTES:
-diretor de Transportes da Transerp, empresa que gerencia o trânsito e o transporte público em Ribeirão Preto, José Mauro de Araújo
-presidente do Conselho Municipal da Integração a Pessoa com Deficiência, Sheila Aparecida Simões
-deficiente visual que utiliza o transporte público para locomoção, Luiz Gonzaga

SUGESTÕES DE PERGUNTAS
Deficiente
-como é realizado o embarque de desembarque nos ônibus coletivos?
-qual foi o tempo máximo que você esperou para embarcar em um transporte coletivo?
-quanto tempo, em média, demora o seu embarque e desembarque em um ônibus?
-os equipamentos destinados a atender as pessoas com deficiência estão em perfeitas condições?
-os pontos de ônibus oferecem acessibilidade aos deficientes?
-qual a maior barreira nesses pontos?
-tem alguma sugestão para a melhoria do transporte coletivo para os deficientes?

Diretor de Transportes da Transerp
-quantos ônibus e linhas existem em Ribeirão Preto?
-desse número, quantos estão adaptados às pessoas com deficiência e pouca mobilidade?
-qual a linha que tem o maior fluxo de deficientes, cadeirantes e pessoas com pouca mobilidade? Essa linha está adaptada para atendê-los melhor?
-com que freqüência os ônibus passam por manutenção para verificar se os equipamentos estão funcionando corretamente?
-a frota de ônibus adaptados em Ribeirão Preto atende a todos com rapidez, conforto e segurança?
-os motoristas são treinados para utilizar adequadamente os equipamento dos ônibus adaptados e para atender os deficientes?
-há algum estudo para mudar ou complementar o modelo de transporte adotado na cidade para garantir mais rapidez aos usuários?

Presidente do Conselho Municipal da Integração a Pessoas com Deficiência
-há alguma estatística do número aproximado de deficientes em Ribeirão Preto?
-qual a maior dificuldade enfrentada pelo deficiente no transporte coletivo?
-os pontos de ônibus de Ribeirão Preto oferecem acessibilidade?
-a frota de ônibus adaptada em Ribeirão atende a todos com rapidez, conforto e segurança?
-tem alguma sugestão para a melhoria do transporte coletivo para os deficientes?
-qual a sua crítica em relação ao transporte público para os deficientes?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita!
Indique o Robin Hood de Saia para um amigo!